Profissional 4.0: trabalhador do futuro deve ter habilidades técnicas e emocionais

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Características são essenciais para enfrentar os desafios da indústria e acompanhar as demandas do mercado de trabalho em constante evolução.

No mundo em constante transformação, impulsionado pela rápida evolução tecnológica, o mercado de trabalho enfrenta cenários cada vez mais desafiadores. A era digital trouxe consigo uma nova demanda por profissionais capazes de se adaptar e prosperar nesse ambiente em constante mudança. 

Para atrair os colaboradores do futuro, empresas se esforçam em oferecer salários competitivos, boas condições de trabalho e benefícios atrativos, como o cartão vale alimentação. Do outro lado, espera-se do profissional 4.0 que ele não só desenvolva habilidades técnicas avançadas, mas também seja emocionalmente inteligente.

A Quarta Revolução Industrial, conhecida como indústria 4.0, está transformando o cenário da automação industrial por meio da integração de sistemas tecnológicos avançados. Essa nova era é impulsionada por tecnologias como big data, inteligência artificial, machine learning, robótica, computação em nuvem e internet das coisas (IoT).

Porém, além das habilidades técnicas, como conhecimento em programação, análise de dados e compreensão de novas tecnologias, por exemplo, os profissionais devem desenvolver competências emocionais. Conforme dados levantados pela Robert Half, a inteligência emocional, a empatia, a capacidade de trabalhar em equipe e a resolução de problemas são características cada vez mais valorizadas no ambiente de trabalho.

Características profissionais do trabalhador 4.0

O profissional 4.0 é caracterizado por possuir habilidades multidisciplinares, adaptabilidade, criatividade, inteligência emocional, agilidade e capacidade analítica, e busca por aprendizado constante. Habilidades de liderança, trabalho em equipe, visão abrangente e conhecimentos básicos em diversas áreas também são aspectos relevantes. Conforme os especialistas, essas características são essenciais para enfrentar os desafios da indústria 4.0 e acompanhar as demandas do mercado de trabalho em constante evolução.

De modo geral, a indústria 4.0 busca trabalhadores qualificados em diversas áreas, como robótica, engenharia, computação, programação ou mecatrônica. Esses profissionais possuem conhecimentos em matemática, estatística, tecnologia e cibersegurança, o que os torna aptos a lidar com as demandas dessa nova era tecnológica. É importante ressaltar, contudo, que também existem oportunidades para pessoas com outras formações. 

Com o avanço da tecnologia, surgem novos cargos dentro das empresas, que refletem as necessidades trazidas por essa nova realidade. Por exemplo, analistas e cientistas de dados são essenciais para lidar com a análise de grandes volumes de informações.

Coordenadores de robótica, por sua vez, são responsáveis por gerenciar sistemas automatizados e integrar robôs ao processo produtivo. Especialistas em cibersegurança são cruciais para garantir a proteção dos dados e sistemas das empresas. Projetistas 3D desenvolvem modelos tridimensionais para prototipagem e produção. Além disso, há demanda por mecânicos de veículos híbridos, especialistas em sensores, programadores de sistemas e engenheiros de softwares.

De acordo com estudos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), os setores automotivo, alimentício, de comunicação, máquinas, petróleo e gás e construção civil são os que mais demandam profissionais 4.0. Essas indústrias estão investindo cada vez mais em tecnologias como inteligência artificial, machine learning, big data e IoT para impulsionar suas operações.

Segundo a instituição, entre 31% e 50% das empresas do setor automotivo planejam criar cargos para mecânicos de veículos híbridos, especialistas em telemetria, programadores de unidades de controle eletrônico e técnicos em informática veicular, entre outros.

Desafios e oportunidades na contratação desses especialistas 

Uma pesquisa realizada pela Gi Group Holding revelou que 66% das empresas globais da indústria 4.0 enfrentam dificuldades na contratação de profissionais especializados, um número que chega a 88% no Brasil. A incorporação rápida das tecnologias digitais tem gerado demanda por profissionais que dominem essas áreas. No entanto, a falta de especialização e conhecimento específico, especialmente em programação de softwares, é um obstáculo para as empresas.

O professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, André Lucirton Costa, destacou, ao Jornal da Universidade, a necessidade de atualizar os currículos dos cursos para incluir o ensino dessas novas tecnologias. Ele menciona iniciativas como o parque tecnológico Supera, que reúne entidades em Ribeirão Preto, como uma forma de aproximar essas tecnologias do mundo profissional.

Como solução, Costa sugere a realização de cursos técnicos especializados, que oferecem uma formação rápida e direcionada para capacitar os profissionais a lidar com big data, programação e internet das coisas, áreas essenciais na indústria do futuro. No entanto, a longo prazo, o desafio se estende para a educação básica no Brasil, que apresenta deficiências e representa um gargalo para a formação de profissionais qualificados.

Com a adoção de novos formatos de trabalho, como a atuação remota, a necessidade de habilidades tecnológicas será cada vez mais crucial em diversas áreas, tornando essencial investir em educação e formação para acompanhar o avanço da indústria 4.0.